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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Tempos Perdidos



O Flamengo nunca esteve numa posição pior em sua historia. Chegamos ao ponto de ver a torcida contestar Zico, isso, nosso galinho de quintino, camisa 10, terror da arcoirisada. O que diria Jorge Curi, Ari Barroso, e quantos tantos outros ainda vivos, que transformaram a imagem do Flamengo no mundo depois de cantar Zico e o Fla em prosa e verso. Estamos vivendo uma crise de identidade, geralmente precedida de uma tempestade avassaladora, seguida porém, ensina o ditado, de momentos de bonança, reafirmação e promessa de ordem, mas invisíveis enquanto perduram. O torcedor está perdido como filho de puta em dia dos pais. Uns contestam tudo irracionalmente. Outros crêem em possibilidades de melhorias embora sem a visão do horizonte que se permeia.

A crise de identidade vem justamente em abrir conflito com um atual estágio de conformidade. Quando decidimos ir de encontro a mudanças que abalam as estruturas já estabelecidas e que dispenderão esforços desmedidos aos energúmenos doutrinadores do situacionismo, impreterivelmente acomodados. Para quem interessa reformular! Amantes do futebol somos nós que não ganhamos dinheiro com isso. Para os demais envolvidos, é fonte de riqueza inesgotável. Para eles, que se dane o Zico. Flamengo, é mais um (sabemos, o maior) veículo de movimentação financeira.

Nunca na história do clube, até que algum historiador desminta, viu-se um período tão negro. Acúmulo de desmandos, irresponasbilidades, incompetências, anti-profissionalismos, indecências, prosmicuidade, descaso e quaisquer adjetivos degradantes que se ache apropriado aplicar por inacabáveis 20 anos. São duas décadas que destruiram a imagem da institução que tinha reputação internacional, e que tem potencial de ser referência no mundo como instituição potente e viril, de dar inveja a qualque Manchester United ou Real Madrid.

Em minha modesta opinião a coisa começou em 1995, com o Flamengo inflacionando o mercado do futebol brasileiro pagando salários astronômicos para meros pernas-de-pau que atingiam desempenho acima do medíocre. Pior, introduziu no mercado a idéia da inadimplência, que nos custa caro até hoje. A maneira displicente de gestão induziu o clube à luxúria e uma dívida impagável. A partir daí o Flamengo Temido deu espaço à chacota. E então muitos casos ficaram famosos, que nem vale a pena mencioná-los.



A imagem do Flamengo sofreu danos seríssimos, que fosse um clube de "segunda" classe, seria impensável as consequências àqueles que o seguem. Uma década de acertos não será suficiente para consertar o estrago, reversível somente em um século, quando este período será usado como exemplo do que é errado e não se deve fazer.

Então surge um homem de verdade com tarefa semelhante as de Hércules. Reestabelecer a moral de um clube brigando contra tudo, uma crise que ele não criou, algo que passou a exister após o seu reinado, e todos, ou seja, até a torcida do Flamengo. Se fossem só os escorpiões minando as forças de nosso herói consagrado, ele ressurgiria sempre que seu exército bradasse seu grito de guerra imponente e pronto pra luta, assumiria qualquer risco em nome de seu povo. Mas tão certo é, que, sem o apoio devido, nosso general não vencerá essa guerra, o maior desafio da história do Flamengo: iniciar uma mudança sem demagogia.



Não nos deixemos enganar. Ninguém mais do que Zico pode nos salvar, e mudar de verdade àquilo que nos consome. Porque Zico, o cidadão Arthur Antunes Coimbra, não precisa disso. O que ele tinha que fazer por nossa glória ele já fez. Se voltou, é porque é a última chance de se evitar o pior. Torcedor que vai contra qualquer decisão ou exitação de Zico, contra qualquer resultado negativo, ou simplesmente não confia nele, não ama o Flamengo. É torcedor de ocasião. Não vieram os reforços, clubes jogam dinheiro pelo ladrão, estamos fora da briga pelo título, vamos brigar para não cair, seremos rebaixados? Essa não é a missão de Zico. Sua missão é construir a confiança de torcedores, jogadores, dirigentes, jornalistas e amantes do futebol novamente no Flamengo. Coisa que ele já fez uma vez.