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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Por uma casa limpa


No começo do ano tudo eram mil maravilhas. Afinal nosso êxito em 2009 foi indiscutível, nossos atletas foram heróicos, o Flamengo parecia querer entrar nos trilhos. Aí veio 2010, o ano que se desenhava estóico, virtuoso, em que nossos representantes dentro das quatro linhas se superariam a cada jogo, em cada lance, por cada bola. Era ano de Libertadores. Percebi uma imensa movimentação nos outros clubes. São Paulo logo de cara abocanhou o que de reveleção surgiu no mercado. Corínthians montava uma equipe experiente e consagrada. Outros clubes se manifestavam. Acreditei que alguma cartada estava por vir. Analisava: A zaga foi bem, mas precisa de reforços. Os laterais já não são os mesmos, precisam de um esquema protetor. Maldonado está machucado e Aírton saiu, será que Pet será de novo brilhante?

Pois que de todos os setores do time, percebi somente uma preocupação: trazer o superestimado Vagner Love. O discurso de todos era sobre a necessidade de manter a base campeã brasileira, que seria suficiente para a maratona do primeiro semestre. A Presidente recém eleita tomou a decisão de não mexer naquela estrutura vencendora do Hexa. Se o fizesse, seria massacrada. Não vieram reforços, só apostas em velhos conhecidos. Para o ataque, Marcos Brás realizou seu intento, formou o Império do Amor. Para o meio, poucas contratações, todas meio esquisitas. Na zaga, nenhuma cogitação. Tudo a feição da velha estrutura remanescente.

Nenhum objetivo foi conquistado. O fracasso veio com doses de vexame. Tudo conspirou para o erro. Para mim estava claro desde o começo do ano de que não daria certo. Primeiro um time desconjuntado, que sofria gols da rapa no Cariocão. Começou a Libertadores, e até fomos bem, mas aí entrou La U em nosso caminho. Com a dificuldade na Libertadores e o fracasso do tetra, surgiram dois culpados imediatos: um ídolo e um ilustre desconhecido. Surtiu efeito. Breve. E logo nos deparamos com um time fraco e sem opções, escravo de sua própria fragilidade, refletida na insistencia em manter um Kleberson títular somente pelo desespero de negociá-lo caso a Copa o valorize. Tudo isso estampado para o burro ver.

Hoje a realidade é cruel. Um time sem identidade, mal treinado, sem opções de atletas e sem comando diretivo. Tudo fruto colhido de uma safra mal plantada: Pet descontente desde fevereiro, Adriano turbulento desde Março, time destreinado na hora cabal, decisões tomadas no impulso, contratações que se provaram equivocadas, jogo de vaidades e cabeça vazia casa do Diabo. Resultado: o quadro perfeito para impugnar tal desmando deflagrado desde o começo do ano, e aplicar as propostas engavetadas pela ocasião inapropriada em aplicá-las.

Acredito seriamente que Patrícia Amorim está preparando terreno para transformações, não para mudanças de efeito. Isso leva tempo. Não acontece de prontidão e pode levar todo período de paralização para a Copa. Ou mais. Acho cruel e prematura as críticas. Principalmente quando envolve o nome de um dos maiores atletas olímpicos da história do país, projeto que não tem nada que ver com futebol. Isso é muito impensado. Não houve ainda sua interferência no futebol. Apenas remendos nos trapos montados pelo Senhor Marcos Brás, que outrora elogiado por mim, mostra que foi o protagonista do grande fracassado do primeiro semestre. Suas opções foram erradas, suas decisões amadoras, emotivas, suas contratações lastimáveis, suas concessões absurdas e sua condução prejudicial.

Eu tenho grande crença que na hora apropriada nossa Presidente vai montar uma coletiva e irá apresentar um plano coerente e transparente sobre como irá conduzir seus próximos 30 meses, pois os seis primeiros não foram dela. Vamos ter paciência, para saber cobrar na hora certa, pois o maior prejudicado pela precipitação será nosso coração rubro-negro. Se há alguma demora em agir o tempo vai dizer. Mas o que diriam à época se ela desde o início do ano impusesse sua filosofia para o futebol? Se mandasse no fim do ano o Andrade embora para contratar um figurão? Se cortasse as regalias do Adriano e ele chantageasse o Flamengo sobre sua renovação? Se ela batesse de frente com o grupo sobre conduta profissional? Seria mais criticada que agora. Receberia todo tipo de pedrada.

A situação de Patrícia Amorim é das mais inóspitas que um ser humano pode enfrentar. Não posso crer que ela deseje prejudicar o Flamengo com interesses escusos. Acho que a torcida tá pegando muito pesado, e 90 % não teria o culhão que ela tá tendo de aguentar essa cobrança. Vamos apoiar, até porque não é culpa dela a herança maldita acumulada por décadas. Ao invés de esperar grandes contratações ou planos mirabolantes, espero mais é uma faxina em todo futebol. Desde a direção aos jogadores, para que com a casa limpa, ela possa abrir as portas da sala, e acomodar 38 milhões de brasileiros.

Um comentário:

  1. Adorei

    Simplismente falou tudo.Falou muito mais do que o blogueiro do Urublog,que só enrola e tem medo de falar a verdade

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