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terça-feira, 30 de março de 2010

Sorria Adriano


Gostaria de receber em minha vida tanta atenção e paciência quanto Adriano recebe. Atenção e paciência alheia não vem só pelo montante monetário que alguém acumula, nem pela importância que alguém adquire, creio que também não pelos interesses ocultos de alguém nestes gestos oferecidos, nem tampouco nos tapas que recebemos nos ombros diariamente. Atenção e paciência são frutos do amor genuíno. Por atitudes muito menos quetionáveis, pessoas são abdicadas de receberem sua parcela de atenção e paciência da sociedade, no ambiente de trabalho, no grupo de amigos ou até mesmo no seio familiar.

Já Adriano recebe em vultuosas quantias. Como recebeu em abundância vigor físico - saúde, que o habilita a ser um atleta de ponta, habilidade com o objeto que invoca veneração aos cidadãos do mundo, que é a bola, sucesso, ao ponto de ser entitulado Imperador num país onde isso faz todo sentido, e dinheiro, o bastante para alimentar todas as suas gerações. Mas tudo que o mundo oferece é insuficiente para Adriano.

O mundo externo não pode completar o interior de Adriano. Porque Adriano não se entende. Suas dúvidas e questões não são elementares. Seus problemas são indubitavelmente superiores, de outra estirpe, envolvem dilemas complexos que Freud duvida, onde o Prozac só funciona a base de alcool.

Nem de longe este Adriano é aquele desengonçado que entrava no Flamengo e fazia gols, mas que a torcida cismou de pegar no pé, porque nunca resolveria seus problemas. Resolveu, mas o novo Adriano, o Imperador. E esse não é nem de longe aquele jovem sorridente e comprometido. Por maior que seja o trauma de uma perda, grandes homens se fizeram pela dor, e quantos outros sofrem suas doses diárias de sofrimento; a vida continua.

Toda pena do mundo não satisfaz o ego de Adriano. Suas últimas atitudes remetem ao meu entendimento de alguém que necessita de dó, revelando através de gestos o quanto a vida tem sido sofrida e o quanto perseguido ele acha que é. De verdade, tenho convicção que 98,4% das pessoas do mundo não se importam nem um pouco com a vida de Adriano. Os outros 1,5% são flamenguistas, e se importam com Adriano bem e fazendo gols, até que ele esteja vestindo suas cores, porque depois disso, não estarão nem aí. Os outros 0,1% talvez sintam algo proximo do verdadeiro sentimento. Porém amá-lo, só sua mãe e filhos. Talvez mais algum parente próximo menos interesseiro.

O perfil de algumas pessoas as fazem dependentes da pena alheia, de quanta dó ela pode receber pelos seus gestos e comportamento. A Adriano não faltam atenção nem paciência; falta inteligência.

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